As sombras da noite surgiram, beijando-lhe o contorno do corpo, projectando a sombra no alvissimo manto de neve, que cobria toda a paisagem à sua frente. Estava sentada havia horas no cimo da montanha, não se dando conta que a noite havia chega, completamente perdida em pensamentos e reflexões sobre algo que lhe ocupava a mente desde que acordara nesse dia.
O sol ainda não tinha surgido no horizonte quando abriu os olhos, despertou completamente com o pensamento : "A Morte despoja o corpo de qualquer dignidade". Saiu da cama, abriu a porta da varanda, ficou a ver a chegada do novo dia, repentinamente o vento fez-se sentir, arrepiando-lhe a pele, entrou, tomou um duche quente, massajou o corpo com óleo de jasmim, vestiu roupa confortável, prendeu o longo cabelo, dirigiu-se à cozinha, fez café, o cheiro dele tomar conta do ambiente de uma forma agradável, acompanhou-o com um crepe coberto de mel e canela, mas o pensamento não a largava: "A Morte despoja o corpo de qualquer dignidade". Começou a sentir-se inquieta, não conseguia entender o significado... Tomou a decisão de sair, necessitava de silêncio e quietude para mergulhar dentro do seu universo pessoal, obter respostas. Vestiu o casaco, calçou as luvas, saiu e caminhou em direcção ao cimo da montanha, sentou-se no ponto mais alto, deixou-se ficar.
Quando a noite a encontrou já sabia a resposta, o corpo é a casa da alma, a identidade do Ser Humano está na consciência, sendo o subconsciente o sótão da individualidade, lá estão guardados todos os valores intelectuais e morais conquistados. O corpo, é somente a roupa que se despe depois de gasta e usada!
1 comentário:
Assim mesmo, penso. Só não o saberia dizer tão poeticamente. :) Boa semana!
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