quarta-feira, 1 de abril de 2015

Manhã de Inverno

Nuvens cinzentas prenhes de prazer da água, cobriam completamente o sol anunciando que o inverno finalmente havia chegado, as árvores encontravam -se despidas, embrulhei na saudade a beleza inigualável do amanhecer. Começou a chover de mansinho, como se o universo sentisse que minha alma chorava em silêncio... chegou até mim o odore a terra molhada, fechei os olhos,viajei até à infância, os aramos da minha infância, tendo a certeza que existem momentos e pessoas insubstituíveis. 
Hoje especialmente hoje que a saudade me vestiu corpo e alma, sinto-os todos juntinho de mim... o cheiro a lenha a arder no forno que era aceso pelo meu avô, o cheiro do pão acabado de cozer, o cheiro a batatas doces assadas, os bolos deliciosos que minha avó fazia e distribuiua em igual quantidade por todos os netos, as broas de milho com erva doce que perfumavam a caixa dos bolos de forma única... 
Chega até mim o cheiro a roupa lavada com sabão azul e  branco e omo, vejo pela memória as mulheres a lavar a roupa na ribeira, cada uma tinha a sua pedra de lavar e o seu lugar especifico.Eu amava ir para a ribeira ver tudo aquilo a acontecer, as conversas delas entrelaçadas com gargalhadas e batidas de roupa nas pedras, a musica da água a correr límpida que se misturava com o cantar delas.Hoje à distância dos anos tenho a certeza que as segundas-feiras de lavar roupa, acabavam por ser encontros sociais.
Existem dias que parece que fico presa num tempo de um tempo tão especial, tem dias que gostaria de viajar no tempo só para poder sentir de novo todo o amor da família. Hoje abraço com profunda saudade o colinho da minha avó, a gargalhada da minha tia, o olhar cheio de amor do meu avô. Sei que nosso reencontro está escrito .Maktub!      
ML