segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Desejo de Infinito



- Gostas de estar aí?
- Gosto?...Não sei... Nunca tinha pensado nisso!
- Imagina por um momento só, como será tudo aquilo que ouvimos e não podemos ver...
- Tu és tão estranha! Porque te interessa ver o que ouves por cima de nós, se todas as folhas vivem presas nos ramos directamente apontadas para baixo? Sempre foi assim e sempre assim será.
- Eu quero ter asas, quero sair por aí... O mundo tem que ser maior do que aquilo que vemos por baixo de nós!
- Enlouqueces-te? Não sejas ridícula, o mundo é exactamente aquilo que os nossos olhos alcançam, não existe mais nada.
- Impossível... impossível! De onde vêm aqueles seres que têm pernas e se deslocam sem precisarem de vento?E aqueles outros que têm asas e poisam sobre a nossa mãe à procura de abrigo? Ah! Vês inteligência não sabes.
- Que me interessa isso, só sei que esses seres vêm e vão e isso basta-me, sempre foi assim.
- Isso nunca me bastará, a mim não, quero saber, quero ver, conhecer, sentir, viver!
- Psiu cala-te! Tu não vês que as outras folhas estão à escuta, ainda te vão considerar louca!
-Oh! Louca de desejo de ser arrancada pelo Sr. Vento, assim verdinha, ser levada por ele  maravilhar-me de tudo o que eu sei que existe.
- Deusa das Folhas de Todas as Árvores, por favor põe algum juízo na cabeça desta folha perdida!
-Hum! Perdida no sonho do grande, do todo, do infinito! Eu vou voar por aí depois conto-te tudo.
- Pára por favor, estás a assustar-me!
- Eu volto para te buscar, prometo. Agora preciso ir sozinha!... Sr. Vento estou pronta, leva-me nas tuas asas... 

2 comentários:

O Árabe disse...

Muito bom, Mada! Bom ver vocë de volta... ainda mais em grande estilo! Boa semana.

REJO MARPA disse...

Se não julgarmos gramaticalmente, depois deste texto, quem ousa afirmar que PROSA, não pode ser POESIA?
Réjo Marpa