sábado, 3 de setembro de 2011

Coisas Simples



A voz do vento fez-se ouvir forte, intenso, agreste, naquele seu jeito confiante de quem tem consciência do seu imenso poder, quebrando o silêncio quase ensurdecedor que pairava no ar, perguntando à brisa (que ao contrario dele era serena, calma, cheia de ternura) – “Acaso achas que alguma vez poderás chegar perto de mim, sem que eu te absorva até perderes a tua identidade e deixares de existir?” – Ela a brisa, com toda a sabedoria que tinha adquirido ao longo de milénios, por ter aprendido a saber esperar, por ganhar tempo observando e maravilhando-se de tudo o que por ela era acariciado, respondeu-lhe de mansinho. – “Pois não vês que eu e tu somos o princípio e a continuidade! Pois tu não vês que a nossa essência é a mesma! Repara bem, naquilo de que nós somos feitos, somos a mesma energia! Presta atenção, porque é sempre assim que se processa a nossa união, primeiro surjo eu de mansinho, quase imperceptível, vou me espreguiçando, caminhando ao acaso até que tu dás pela minha presença e acordas, cheio de vigor, vens ao meu encontro, olhas-me, segues-me por momentos e depois... depois, tomas conta de tudo, causando o que de mais belo o universo tem, a explosão de alegria e felicidade das nuvens em forma de chuva, para se dar o milagre da mágica renovação da vida.”
Ele, o vento olhou a brisa, sem nada dizer num entendimento sublime, deu-lhe a mão e seguiram novamente rumo ao que se repetia desde sempre, a união perfeita de todos os Elementos…


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